Cairoli, vice eleito no RS, traz a experiência privada para o Estado

Para o empresário, que faz sua estreia na vida pública, prioridade é reorganização das contas públicas.

31/10/2014

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José Paulo Cairoli

A política entrou na vida do porto-alegrense José Paulo Cairoli de maneira vertiginosa. Até pouco mais de um ano atrás, nem filiado a um partido político ele era. Hoje, vice-governador eleito pelo Rio Grande do Sul na chapa de Ivo Sartori, do PMDB, já tem uma visão muito abrangente dos problemas do Estado e sobre como ele e Sartori poderão enfrentá-los. “Nós nos complementamos. Ele é politico, tem boa percepção e habilidade; eu sou do setor empresarial, com uma visão de Estado e um bom conhecimento no setor primário e da iniciativa privada”, diz ele, quem é presidente do Diretório Estadual do PSD.

Sartori e Cairoli receberam no segundo turno da eleição, no último dia 26 de outubro, 61,21% dos votos válidos (3.859.611 votos), contra 38,79% do atual governador, Tarso Genro, do PT. Aos 62 anos, Cairoli fez quase toda a sua trajetória profissional no meio empresarial – teve apenas uma breve experiência no setor público, como presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Atualmente, é presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), mas já liderou duas importantes entidades gaúchas: a Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul) e a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). Esta experiência na iniciativa privada pode ser o diferencial do novo governo do Rio Grande do Sul, como Cairoli mostra nesta entrevista.

Quais são os principais problemas do Estado hoje e como vocês pretendem enfrentá-los?

Eu e o Sartori nos complementamos. Ele é politico. Já foi vereador, deputado federal e prefeito por oito anos. Tem boa percepção, habilidade política. Eu sou do setor empresarial, com uma visão de Estado e um bom conhecimento no setor primário e da iniciativa privada. Acho que nos complementamos. A nossa visão de Estado é que precisamos fazer as reformas necessárias para o Rio Grande do Sul voltar a crescer, se reerguer.

Somos o Estado que tem o menor nível de investimento do País, por falta de recursos. Então, temos que trabalhar fortemente na reorganização das contas públicas. Talvez esse seja o passo mais importante, mais decisivo. Reforçar a renegociação da dívida pública e trabalhar na infraestrutura do nosso Estado utilizando parcerias público-privadas e concessões, sempre com o poder do Estado. Devemos fortalecer a indução do desenvolvimento, atraindo investimentos e mantendo os empreendedores, e tendo cuidado de honrar os compromissos firmados anteriormente pelo Estado. Precisamos retomar o equilíbrio fiscal e a relação com o mercado, uma vez que o Estado hoje tem uma imagem que não é positiva.

Como será escolhido o secretariado e qual será a participação do PSD nele?

Ainda não está definido. Quando nós fizemos a coligação, primeiro criamos um projeto. Agora, passado esse período, vamos tratar sobre o espaço de cada partido. Fizemos uma grande coligação e definimos que vamos falar sobre isso posteriormente. Mas é certo que teremos uma participação importante, independentemente de ser vice.

Qual será sua participação executiva no governo?

É auxiliar o governador, não tenho uma pasta específica. Eu não seria secretário. Nós vamos construir nossa relação daqui para a frente, com a participação dos demais partidos.

De que forma sua experiência na iniciativa privada pode contribuir para a gestão pública?

Fui presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, entre 1992 e 1995. Então, já tive uma experiência no setor público. Dois pontos me parecem importantes, onde posso auxiliar bastante. O primeiro é a gestão empresarial. A gente convive tendo que fazer gestão de eficiência. Então, criar mecanismos de metas para os setores do Estado. O segundo ponto é na relação e na proximidade com os empreendedores e os empresários, otimizando essa relação com o setor público. Tenho a expectativa de utilizar essa experiência e fazer o Rio Grande do Sul voltar a crescer.

Como foi sua primeira campanha política? Conte como foi a experiência de viajar o Estado defendendo as ideias da sua chapa.

Eu fiquei um período viajando com o governador e, depois, no último mês do 1° turno, viajamos separados e fui a diversas regiões do Estado. Apenas 30% dos gaúchos conheciam o nosso candidato e por isso precisávamos andar muito pelo Estado. Eu fiz isso na metade do primeiro turno e 100% no segundo turno. O PMDB é um partido estruturado no Estado e nós utilizamos essa facilidade para chegar à população, à sociedade. E eu também aproveitei as associações comerciais e os sindicatos rurais, onde tenho uma boa relação.

Como foi a sua decisão de entrar para a vida política e a opção pelo PSD?

Recebi um convite para entrar na política há mais de três anos. Quando Gilberto Kassab, presidente do PSD, estava formando o partido, reforçou esse convite. Agradeci, mas como eu não tinha projeto político para ser candidato a nada, eu achava que não contribuiria muito com o partido. No ano passado, cedi aos insistentes convites do deputado federal Danrlei (Danrlei de Deus, reeleito este ano pelo PSD do Rio Grande do Sul), junto com meu filho Eduardo. Eu entrei no PSD para ajudar a construir o partido. Essa era a minha missão e assim que me apresentei, sem pensar em alguma candidatura.

Para estas eleições, houve um entendimento por parte da militância de que nós precisávamos fazer parte da majoritária. Optamos por fazer uma coligação com o Sartori num momento em que ele tinha 2% das intenções de voto. A decisão foi tomada na proposição de um projeto que tinha a ver com o que acreditamos, que é um projeto de Estado, não de poder. É o projeto de um grupo de partidos e que tem a ver com o que eu imagino que deve ser feito na política.

Se entrei na política já maduro, entrei por convicção, não por conveniência. Defendi a minha participação dentro dessa visão, acreditando que esse projeto tinha espaço para crescer. A surpresa foi que próximo ao primeiro turno das eleições nós ficamos com uma boa possibilidade de chegar ao segundo turno. E sabíamos que se fôssemos para o segundo turno, ganharíamos, independentemente, de quem fosse o opositor.

 

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